sexta-feira, 27 de julho de 2012

Está mais do que na hora de valorizar o professor e negociar com todas as categorias em greve.

http://rebelesenaune.files.wordpress.com/2012/07/aloisio-mercadante-dossie-300x145.jpg      Em recente nota, o ministro da educação Aloísio Mercadante, sentenciou que “está na hora de os professores voltarem às salas de aula e retomarem a rotina acadêmica.”  No dia 24 de julho o governo apresentou uma nova proposta para os docentes que não comtempla a questão da valorização do professor, refletindo numa ausência de um planejamento da carreira.
       
    Talvez o nosso ministro, que segue hoje, em plena greve, para Londres (acompanhar os jogos olímpicos) devesse estar um pouco mais preocupado com as universidades brasileiras. Há mais de dois meses em greve, as universidades estão unidas em torno da defesa dos interesses de estudantes, professores e técnicos. Na última marcha nacional do dia 18 de julho, convocada pelas diversas entidades do serviço público e pelo Comando Nacional de Greve dos Estudantes, ficou claro o tamanho do isolamento social pelo qual passa o governo, quando o assunto é greve na educação.
       
    Reiteramos a posição da urgência do ministério negociar com os três segmentos em greve nas universidades. Até o presente, o MEC não apenas não negociou com o CNGE, como sequer disse a data que o faria. As propostas que deram para os docentes, foram no sentido de dividir as categorias e enfraquecer a greve. Não podemos aceitar essa tentativa. Repudiamos qualquer divisão em nosso movimento em favor da greve.
        
    Para resolver o problema, é necessário que o ministro volte de Londres e negocie imediatamente com as categorias, afinal, o número de medalhas de ouro do Brasil não influenciará nem um pouco a qualidade da educação no Brasil, e se influenciasse, o Mercadante está um pouco fora de forma na única competição em que pode participar que é a da educação, e neste quesito o Brasil ocupa a 88ª posição no mundo inteiro.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Comando Unificado de Greve convoca grande passeata para o dia 26 de julho

Concentração 11h na Praça Sinimbú

Estudantes, Professores e Técnicos do IFAL e UFAL constroem Comando Unificado de Greve 

    Dia 5 de junho na sede da Adufal foi constituído o Comando Unificado de Greve da Educação Federal. Estiveram presentes estudantes da UFAL, professores e técnicos da UFAL e do IFAL, representando o comando de greve de cada categoria e suas devidas entidades, DCE-UFAL, SINTUFAL, SINTIETFAL e ADUFAL.
   
   “Esse é um movimento importante e necessário para a luta aqui no nosso estado. Em Brasília, a unificação dos Comandos Nacionais de Greve da Educação representou um avanço em nossa unidade e mostrou força perante a intransigência do governo”, afirmou Gerson Guimarães, que representou os servidores do IFAL no Comando Nacional de Greve do SINASEFE.

     O Comando Unificado de Greve aprovou para o dia 26 de julho  a construção de uma grande passeata em defesa da educação e contra as privatizações, pretendendo unificar além dos servidores e estudantes, as outras categorias do serviço publico em greve. “Esse é um chamado acima de tudo para toda a sociedade para defender a educação”, afirmou Ciro Bezerra, do comando de greve da UFAL.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

“Com proposta do governo, apenas 10% dos docentes podem ter ganho real até 2015″ afirma em nota oficial o ANDES-SN

Segue a nota oficial, na íntegra do ANDES-SN. 

A proposta apresentada pelo governo federal na última sexta-feira (13) aos professores em greve sequer recompõe as perdas. Além disso, o pretenso reajuste inclui os 4% do acordo assinado em agosto de 2011, que só foi cumprido, após forte pressão do movimento, em maio de 2012, retroativo a março deste ano. proposta apresentada pelo governo federal na última sexta-feira (13) aos professores em greve sequer recompõe as perdas inflacionárias dos salários de grande parte da categoria. Esta é a análise preliminar do Comando Nacional de Greve dos ANDES-SN, que foi encaminhada para a base e será analisada durante esta semana nas assembléias locais nas Instituições Federais de Ensino. Confira aqui análise completa no Comunicado Especial do CNG.
Uma das reivindicações que levou os docentes a deflagrarem a greve, que completa dois meses nesta terça (17), é a reestruturação do plano de carreira da categoria, de forma que o mesmo seja simplificado e traga conceitos que valorizem a atividade acadêmica. Veja aqui a proposta de reestruturação de carreira do ANDES-SN.
No entanto, na visão do CNG, o governo faz um jogo de números maquiados e agrava a desestruturação, que já existe na carreira atual, consolidando-a em uma soma de distorções. Por exemplo, reforça a descaracterização da remuneração por titulação, firmando valores nominais sem nenhuma lógica, não incorporada ao vencimento básico. “Para se ter uma ideia, os professores em regime de dedicação exclusiva não têm garantia de uma remuneração adequada e constante”, aponta Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN.
Apesar da proposta inicial não contemplar as reivindicações da categoria, o ANDES-SN tem a expectativa de que a reunião de sexta-feira seja o início da negociação com o governo. “Este processo começou após mais de 55 dias de greve e se deve à força de pressão do movimento. E, como todo processo de negociação, exige diálogo e tempo para discussão. Na próxima segunda, dia 23, levaremos ao governo a resposta da categoria, que virá das assembléias na base”, disse Marinalva.
Perdas salariais
Os valores nominais contidos na tabela tomam como base os salários de julho de 2010 e projeta, também em valores nominais, o que seria o resultado em 2015, omitindo toda a corrosão inflacionária do período, superior a 35%, de acordo com os cálculos do Comando, tomando como referência o ICV/Dieese, e uma projeção futura com base na média dos últimos 30 meses.
Desta forma, são cinco anos de inflação que foram desconsiderados pelos ministros Miriam Belchior e Aloizio Mercadante ao noticiar em entrevista coletiva, na sexta (13), que os docentes teriam até 45,1 % de reajuste.
Para algumas classes, justamente onde está concentrado um grande número de docentes, há redução de até 8% do valor real da remuneração, como é o caso do professor mestre adjunto 4/DIV4 e do professor doutor associado 1/DV1, ambos em regime de dedicação exclusiva (DE). A proposta apresenta apenas pequeno ganho real para a classe de professor titular, topo da carreira, que hoje representa menos de 10% da categoria.
No que diz respeito à progressão entre níveis, as discrepâncias são enormes: enquanto um professor assistente/DII, com mestrado, em regime de DE, após dois anos de interstício, cumprindo todos os requisitos e aprovado em um processo de avaliação para passar do nível I para o nível II teria uma compensação remuneratória de apenas R$ 58,29 (o que correspondente a menos de 1% do que recebia antes), o professor associado/DV com doutorado, teria, nas mesmas condições, uma compensação remuneratória de R$ 798,51, correspondente a mais de 5%.
Aspectos conceituais
Os aspectos conceituais apresentados pelo governo reforçam a hierarquização verticalizada, a lógica do produtivismo medidos pelo atendimento de metas de curto prazo e da competição predatória, as quais têm sido veementemente rejeitadas pela categoria.
Na visão do CNG do ANDES-SN, “tal postura é incompatível com a construção do padrão unitário de qualidade da universidade pública e autônoma, na qual o trabalho acadêmico seja exercido sob a égide do preceito constitucional de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Os pontos conceituais apresentados pelos ministérios do Planejamento e da Educação negam ainda a definição de critérios, relações e índices necessários a reorganização e a constituição de direitos, remetendo apenas para tabelas de valores nominais, inconstantes em relação aos regimes de trabalho e discriminatória ao retirar do corpo do vencimento a valorização da titulação dos professores.
No sentido inverso, investe em fixar novas barreiras à progressão dos professores na carreira, além de remeter ao próprio poder central (na figura do MEC) a regulamentação futura de todos os critérios e procedimentos, agredindo a autonomia universitária. Além disso, limita a ascensão ao topo da carreira – a classe de professor titular – a 20% do quadro docente da instituição.
Não há relação proporcional entre regimes de trabalho, resultando em que cada docente receba percentual diferente pelo regime de dedicação exclusiva.  Por exemplo, enquanto um professor mestre assistente 2/DII2, receberia 20% a mais pela DE, a retribuição correspondente a esse mesmo regime de trabalho seria de 40% para o professor titular doutor e de 54% para o professor auxiliar1/DI1 graduado. Além disso, talvez venha a ser a única carreira no serviço público federal na qual a remuneração do regime de 40h não será o dobro da remuneração do regime de 20h.
Mobilização
Na avaliação do CNG do ANDES-SN, a greve entra agora num outro momento, que é dar sequência ao enfrentamento, com a intensificação o diálogo com a categoria e a sociedade, principalmente para desmistificar a proposta do governo, destacando seu significado de consolidação dos retrocessos já existentes no plano de carreira docente, na desestruturação e desqualificação da remuneração, na legalização da intensificação do trabalho, que precariza as condições do seu exercício.
“A tarefa é manter e radicalizar a greve. Nesta semana, isto significa: intensificar o movimento e desmascarar a proposta do governo”, conclui o comunicado do CNG.
Agenda
O Comando Nacional de Greve do ANDES-SN participa nesta semana do acampamento na Esplanada, em Brasília, organizado pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais. No dia 18, quarta-feira, será realizada Marcha Nacional, para a qual os Comandos Locais de Greve devem enviar caravanas de todo o país.

TV DCE-UFAL: Declaração da Vice Reitora da UFAL

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Carta a Comunidade da UFAL

Unir os estudantes, professores e técnicos em defesa de uma educação pública e de qualidade.


A política adotada pelo Governo Federal tem sido a de privilegiar o pagamento da dívida pública (45,05% do orçamento da União) e diminuir os gastos nas áreas sociais, como saúde (4,07%) e educação (2,99%)¹. Mostrando assim para quem realmente Governa esse país: os Banqueiros e grandes especuladores do mercado financeiro.

Além disso, a exemplo do Governo de FHC, o PT vem se negando a negociar com os comandos de greve nacional numa tentativa de desarticular o movimento grevista. E ainda, cada vez mais privatizando o patrimônio brasileiro: privatização da previdência dos servidores públicos, de jazidas de petróleo, inclusive do pré-sal; dos aeroportos mais movimentados do Brasil; de Rodovias; de hospitais universitários; de Florestas; da saúde, educação, segurança, e muitos outros serviços essenciais que cada vez recebem menos recursos.

A UFAL não tem ficado fora dessa onda de privatização e sucateamento, lembremos que de uma maneira bastante truculenta em 2007 a UFAL apostou em adotar o REUNI e a expansão universitária sem avaliar os efeitos que poderiam causar. Essas políticas visam o aumento do numero de estudantes na universidade sem que haja o investimento necessário para a manutenção de um ensino público de qualidade e de livre acesso a todos – sem a necessidade de vestibular/ENEM, ou qualquer outro método que restrinja a participação daquele que terminou o ensino médio e pretenda cursar o nível superior.

Muitos cursos hoje passam por problemas de falta de professor, obrigando aos poucos que tem a se sobrecarregarem para lecionar todas as disciplinas. E ainda, a falta de salas de aula, bibliotecas setoriais, laboratórios, e tantos outros problemas estruturais que a universidade enfrenta, proporcionando péssimas condições na formação acadêmica.

No interior a situação é ainda mais gritante. Entre um polo construído junto ao presídio (Campus Arapiraca) e polo que ainda é uma abstração (Campus Sertão) muitos estudantes que sonhavam em entrar em uma universidade pública federal se depararam com um verdadeiro improviso e algo que mais se parece com um aulão em praça pública a um centro de excelência em pesquisas, o que deveria ser a UFAL.

Se isso já não fosse o bastante, a pífia política de assistência estudantil adotada pela universidade não está em condições com os problemas enfrentados no estado de Alagoas, onde 86% da população recebe até 2 salários mínimo, sendo 16% sem nenhum tipo de renda e 49% com até 1 salário mínimo². E mesmo assim a Universidade não oferece mais que 120vagas na residência universitária – campus A.C. Simões, única residência estudantil no estado, 1300 refeições no R.U. – também só na capital, e uma misera bolsa de R$360,00 para 3,78% (928)³ dos estudantes da graduação, deixando de fora vários estudantes que por falta de mais recursos ficam de fora, e os que são contemplados ainda são obrigados a trabalhar para a universidade durante 12h semanais, tipo de política adotada pela universidade para suprir a carência de técnicos existentes e assim não abrir novas vagas com a realização de concursos públicos.

Entendendo que o momento é de mobilização para a transformação do ensino para que possamos ter uma universidade verdadeiramente popular e democratizada, exigimos:


ESTRUTURA:
  • Construção do departamento de saúde com novo setor odontológico, farmácia escola e ambulatório;
  • Construção da clínica escola de psicologia em Palmeira;
  • Construção do bloco de Artes no Campus A. C. Simões, com salas em números suficientes e que contemple as necessidades técnicas do trabalho das linguagens: Dança, Teatro e Música. Que neste bloco seja construído o TEATRO UNIVERSITÁRIO, com equipamentos de iluminação e som adequado. Que todas as três categorias possam conhecer e opinar sobre o projeto existente para bloco;
  • Acessibilidade para pessoas com necessidades especiais em todos os campi;
  • Maior acervo na Biblioteca Central e nos demais campi;
  • Construção de Bibliotecas Setoriais em todas as Unidades e ampliação e modernização do acervo das que já existentes
  • Construção, melhorias e manutenção nos laboratórios;
  • Cumprimento dos prazos de entrega das obras, e aplicação de multas as empresas que atrasarem a obra;
  • Desativação imediata do presídio de Arapiraca;
  • Retirada dos diversos equipamentos de outros setores do bloco novo da FAMED, para possibilitar a utilização do bloco administrativo que hoje é um amplo depósito;
  • Recursos próprios para o escritório modelo de assistência jurídica;
  • Término das construções das obras paradas e manutenção dos blocos existentes;
  • Pela entrega imediata do Hospital Veterinário, residência e restaurante universitário em Viçosa;
  • Pela entrega do projeto e construção imediata do prédio do polo de Santana do Ipanema;
  • Acesso a internet com a qualidade a todos e em todos os campi;
  • Assegurar transporte público para a comunidade acadêmica de todos os campi;
  • Reforma dos espaços esportivos da universidade e acessibilidade para todos.




ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO:
  • Aumento no número de docentes e técnicos da UFAL, Que a relação proporcional de aluno/professor seja reduzida para 12/1;
  • Que a Bolsa Permanência se torne Bolsa Pesquisa/Extensão;
  • Pelo fim dos cursos pagos na UFAL;
  • Que a lei 11.788, de 25 de setembro de 2008, que garante renumeração dos estágios obrigatórios nas licenciaturas, sejam cumpridas imediatamente pela Ufal;
  • Que todos os gastos (transporte, hospedagem e alimentação) das atividades referentes às atividades do campo, provenientes das matérias obrigatórias, sejam imediatamente custeadas pela Ufal;
  • Pela TV e rádio Universitária, vinculado ao curso comunicação social;



ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL:
  • RU gratuito para todos, em todos os polos;
  • Residência Universitária em todos os campi, e ampliação dos auxílios moradia;
  • Fim da obrigatoriedade do trabalho para a bolsa permanência;
  • Equiparação e aumento anual no valor das bolsas;
  • Entrada de ônibus os três horários e até às 23h no campus A.C. Simões;
  • Ampliação das vagas do NDI, e sua instalação em todos os campi;
  • Que o critério de regulamentação dos transportes da Ufal, seja exclusivamente de acordo com a ordem de chegada das solicitações, sem haver a separação entre atividades políticas e acadêmicas;
  • Auxilio profissional para pessoas com necessidades especiais;
  • Criação e mais autonomia para o Núcleo de Apoio Estudantil no Interior;
  • Construção, revitalização e democratização das estruturas esportivas nos campi.



Por uma educação pública e de Qualidade em todos os níveis!
Paridade no CONSUNI!

Por auditoria da dívida pública!
Pelo investimento de 10% do PIB na educação!
Contra a implantação da EBSERH!
Contra a Privatização dos Bens Públicos!
Contra a intervenção da policia, ou qualquer órgão externo da Universidade sobre as questões politicas e acadêmicas da Universidade!
Pelo fim do processo movido pela Reitoria ao DCE e os 7 estudantes!



Diretório Central dos Estudantes
“Quilombo dos Palmares” gestão Correnteza: Quem espera nunca alcança


¹Auditoria cidadã da dívida pública http://www.auditoriacidada.org.br/publicacoes-artigos-estudos-e-boletins/
²PNAD – IBGE 2010
³Relatório de gestão da UFAL 2011



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Comissão da Câmara aprova 10% do PIB para Educação


       No dia 26 de junho de 2012, a Câmara dos Deputados aprovou o texto do Plano Nacional de Educação (PNE), encaminhado por seu relator, o deputado federal Ângelo Vanhoni (PT-PR). A discussão na sala da Comissão de Educação foi acalorada, com a presença de mais de 300 estudantes, pois se percebia a tentativa do Governo Federal em atrasar a votação nos bastidores ou mesmo de derrotar o movimento educacional, que defendia a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no orçamento da Educação pública.

    O resultado é que a pressão dos estudantes se fez valer, e a proposta dos 10%, defendida na ocasião pelo deputado Paulo Rubem (PDT-PE), foi aprovada por uma unanimidade constrangedora para o Governo, que chegara a sustentar o índice de 8%.
    Primeiramente é preciso identificar que esta pode se configurar como a vitória mais expressiva do movimento educacional nos últimos tempos, caso o PNE seja aprovado no plenário do Congresso e sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
    Em segundo lugar, demonstra claramente a importância da persistência, da realização de cada luta, seja uma jornada de manifestações de rua, seja um debate dentro de uma escola ou universidade.
   Cada estudante que foi às ruas Brasil afora, cada estudante que passou numa sala de aula fazendo um discurso, que recolheu assinaturas de abaixo-assinado, que ocupou bandejão ou Reitoria, que pressionou as autoridades no MEC, no Congresso Nacional, numa Assembleia Legislativa em seu estado, cada estudante que fez greve (neste momento, são mais de 25 universidades federais em greve estudantil no país), contribuiu imensamente para esta conquista.
    A luta dos docentes e servidores técnico-administrativos das universidades e institutos federais (o atual movimento paredista já conta com a adesão de mais de 90% das instituições), as recorrentes greves dos trabalhadores em educação básica em quase todos os estados e em diversas cidades importantes, as campanhas populares desenvolvidas pelas entidades de classe e movimentos populares por creche e moradia, todos, sem exceção, tiveram um papel determinante neste processo luta.
    Também foi indispensável a contribuição de deputados comprometidos com a Educação, como Paulo Rubem (PDT-PE), Ivan Valente (PSOL-SP), responsável pela unificação de todas as emendas relativas aos 10% em torno da proposta aprovada, Chico Alencar (PSOL-RJ) dentre outros. Quem participou do ato no dia da votação do PNE na Câmara viveu um momento histórico, sem sombra de dúvidas.
    Porém, não podemos esquecer que esta foi apenas uma primeira vitória. A aprovação em comissão da Câmara se deve à grande pressão popular, mas nada está garantido. A votação ainda vai para o Senado, volta para o plenário do Congresso e depois ainda tem que passar pela sanção presidencial.
    Lembremos que, no último PNE, o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), vetou o   trecho que instituía 7% do PIB para a Educação, e que Lula (PT) manteve o veto durante seu mandato.
    É preciso aumentar a pressão e radicalizar as lutas! É momento de fortalecer as entidades e a organização estudantil, que, por seu peso numérico, por sua história de combatividade e rebeldia, podem decidir este jogo em favor da Educação brasileira.
    Além disso, mesmo depois de todas as etapas vencidas, o PNE tem um período de execução de dez anos. Até lá, até sair dos cerca de 4% atuais para os 10% defendidos pelo movimento, e até que os investimentos (um incremento de mais de R$ 85 bilhões no orçamento da Educação) passem a surtir os efeitos esperados, será um longo caminho.
    Também não foi dito de onde sairá o dinheiro. Serão necessárias ainda muita fiscalização e cobrança para efetivar o investimento, porque é preciso trazer para a prática as promessas e discursos, tornando-os investimentos concretos. Porque é necessário aplicar imediatamente em política de permanência e assistência estudantil, em aumento no número e valor das bolsas nas universidades, em infraestrutura geral no ensino básico e superior. Porque é preciso realizar uma massiva ampliação de vagas no setor público para acabar com o vestibular e instituir o livre-acesso do povo à universidade pública, gratuita e de qualidade.
    Lembremos que mais de 4,5 milhões de jovens se inscreveram no Enem 2012 para pouco menos de 200 mil vagas oferecidas.
    E não podemos esquecer dos cerca de 15 milhões de brasileiros (aproximadamente 9% da população com mais de dez anos, segundo o IBGE) que são analfabetos, o que, se somados àqueles que apenas sabem escrever o próprio nome e realizar simples operações matemáticas ou mesmo não conseguem interpretar um texto corretamente, chegam aos 40% da população. Uma vergonha com a qual o Brasil convive há décadas e que não pode mais ser tolerada.
    O Governo já deixou claro que tem outras prioridades, como o pagamento fiel dos juros da dívida pública e as isenções fiscais aos grandes monopólios industriais e ao agronegócio, e tentará se rearticular para barrar os 10%.
    Este momento histórico nos ensina que sempre que os estudantes e a classe trabalhadora desse país radicalizaram suas lutas e acreditaram em sua capacidade de mobilização e organização, saíram vitoriosos. É tempo de lutar e conquistar!

Yuri Pires, 1º vice-presidente da UNE (Representa a tese Rebele-se na UNE)

Greve das universidades federais é o momento para cobrar transformação da universidade

    O Brasil vive um momento de rediscussão da sua política educacional. Enquanto o governo tenta aprovar no Congresso Nacional, um Plano Nacional de Educação (PNE) que vai de encontro as reivindicações de estudantes, trabalhadores e docentes brasileiros, para além de não tocar absolutamente nos pontos fundamentalmente críticos da nossa educação (investimento, aumento das vagas gradativos até o livre acesso, aumento no número de bolsas). Enquanto isso, nas universidades, os estudantes tem protagonizado lutas importantes na busca por seus direitos fundamentais. E não foram pequenas as manifestações, ocupações de reitoria, de bandejões, passeatas e greves que se desenrolaram nos últimos anos entre os estudantes brasileiros.
    As universidades brasileiras estão numa encruzilhada quanto ao seu papel na sociedade. Hoje, apenas 15% dos jovens em idade universitária estão nas universidades, destes, 85% estão matriculados em instituições privadas, que extorquem todos os meses os estudantes para que tenham acesso a um direito garantido pelo artigo 205 da constitução brasileira que diz que a educação é direito de todos e dever do Estado. Mas que direito é esse que se tem que pagar por ele?
    Além disso, faltam bolsas de permanência nas universidades federais, onde existem residências universitárias, estas tem poucas vagas e condições estruturais precárias, os bandejões ou são caros, ou são insalubres, ou são os dois, não existe uma política clara para a questão das matrizes curriculares, sendo as mesmas aprovadas sem nenhuma participação estudantil e ainda por cima, a remuneração dos trabalhadores e docentes, pelo importante papel que cumprem na sociedade é baixa e defasada.
    Neste sentido, as ADs (Associação dos Docentes) de dezenas de universidades federais (eram 43 até o lançamento desta nota) decretaram greve por tempo indeterminado por que os canais de negociação com o governo estão fechados. Em nota oficial o ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes) afirma que “O quadro é muito diferente do que o governo noticia. Existem instituições sem professores, sem laboratórios, sem salas de aula, sem refeitórios ou restaurantes universitários, até sem bebedouros e papel higiênico, afetando diretamente a qualidade de ensino”.
    Sem dúvida, também é de importância fundamental na reivindicação dos docentes, as melhorias nas condições de trabalho nas universidades. A exigência cada vez maior pela publicação de artigos e a falta de laboratórios, condições adequadas e remuneração insuficiente, faz com que o índice de depressão e estresse entre os docentes creça assustadoramente.
    Entendemos que uma educação de qualidade e socialmente referenciada passa necessariamente por valorização do docente, enquanto facilitador da construção de um conhecimento libertador, uma ciência & tecnologia independente e uma universidade democrática e popular. Não é possível que o mesmo governo que destina todos os anos quase R$ 700 bilhões para o refinanciamento da dívida pública, diga não ter recursos para melhorar a situação das universidades e atualizar a remuneração dos professores.
    Por isso, os estudantes precisam integrar essa greve dos docentes, na sua agenda de lutas que já vem sendo desenvolvida há tempos nas universidades. Onde houver conjuntura e mobilização suficiente, é preciso organizar greves estudantis com a pauta que já vem sendo desenvolvida em cada universidade. É urgente organizar jornais, blogs, panfletos, vídeos que dialoguem com o conjunto dos estudantes, no intuito de aumentar a mobilização e também para não deixar que a imprensa conservadora e o governo coloquem a culpa da falta de aulas e do trancamento das universidades nos docentes, pois se existem todos esses problemas nas universidades, com certeza não é culpa nem dos estudantes, nem dos trabalhadores, nem dos docentes.
Yuri Pires, 1º vice-presidente da UNE (Representa a tese Rebele-se na UNE)