segunda-feira, 29 de outubro de 2012

AVANÇAR NA LUTA PELO LIVRE ACESSO DO POVO AO ENSINO SUPERIOR

O Ensino Superior ainda continua sendo sonho para a maioria dos jovens brasileiros. Somente 14% dos jovens entre 18 e 24 anos estão dentro das universidades, e se isso por si só já não fosse bastante ruim, 76% destes estão em instituições de ensino privado, que cobram altas mensalidades e oferecem, em geral, um ensino desvinculado do tripé ensino-pesquisa-extensão. 

Esse baixo número de jovens nas universidades representa a elitização do ensino superior no Brasil, onde somente alguns poucos que terminam o ensino médio conseguem ingressar na universidade. Exemplo disso é que temos mais de 6 milhões de inscritos no Enem para somente 300 mil vagas nas instituições públicas.

Quem são os mais excluídos nesse processo? 

Segundo um estudo da ANDIFES, que avaliou o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação nas universidades federais brasileiras, 53,93% dos estudantes são brancos, e somente 8,72%, 0,93% e 32,08% são pretos, índios e pardos, respectivamente. Podemos considerar que tivemos avanços significativos desses estudantes, majoritariamente das classes C, D e E quando comparados aos números do estudo em 2004, onde os dados eram de 5,9%, 2,0% e 28,3%, evidenciando a importância das políticas de ações afirmativas na garantia do acesso dessas classes.

Além disso, segundo dados do PNAD de 2008, a média de escolaridade de brancos é de 8,3 anos, e a de negros é de 6,5 anos. Havendo, portanto, uma disputa desigual no acesso às vagas das universidades. E isto não é por acaso, os índios e negros foram por muitos anos escravizados no nosso país, e depois disso foram largados pelo Estado, sem renda, assistência e educação. Somente nos últimos anos é que temos tido, mesmo que timidamente, avanços na inclusão na educação superior.

Essa situação é fruto do baixo investimento que a educação recebe no país. Hoje, não passa de 4% do PIB o total destinado na educação, somando as esferas municipal, estadual e federal. Por isso que o Diretório Central dos Estudantes da Ufal participa da campanha e defende a aprovação dos 10% do PIB para a educação, para que possamos verdadeiramente valorizar a educação no Brasil.

A falta de prioridade do governo com a educação básica é muito preocupante. No Ideb do MEC, por exemplo, os estudantes de ensino médio tiveram uma média nacional de 3,7, numa escala de 0 a 10. Em Alagoas, essa média foi de 2,6, a pior do país, mostrando a distância que existe entre os estudantes do ensino médio e o sonho de ingressar na universidade.

Assim, a aprovação no Senado do PLC 180/2008 (o PLC das cotas nas universidades federais) que destina 50% das vagas destas universidades para estudantes oriundos de escolas públicas e sugere critérios complementares de renda familiar e identidade étnica ou racial até 2016, representa um avanço no acesso à universidade.

Mesmo com esse avanço, a aprovação desse PLC está longe de representar a verdadeira democratização do acesso ao ensino superior, pois não altera a essência da exclusão que é a falta de vagas. A juventude brasileira tem que continuar lutando por mais investimento e livre acesso à educação, entendendo que educação é um direito do povo. Queremos mais que cotas, queremos assistência estudantil e livre acesso a todos! Como bem disse Che Guevara: “A universidade deve pintar-se de negro, mulato, operário e camponês, ou o povo a invadirá e pintará com as cores que quiser”.


Coordenação Geral do DCE UFAL gestão: Correnteza

Fonte: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=211644

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