quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cineclube de Palmeira dos Índios é selecionado pelo 2º Edital do Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas

Ailton Jr (Tomada externa do Curta)
Cine Clube Lampião Cultural é selecionado para realizar curta-metragem com incentivo da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).
Curta denominado "Sobre Relógios, Sonhos e Liberdade" encabeça a lista dos selecionados. O roteiro é uma passagem da relação entre a exploração do trabalho e a busca da liberdade.
O estudante de mestrado em Ciências Sociais e diretor estreante concedeu uma entrevista para o site Minuto Palmeira dos Índios, vejamos texto na íntegra.

"No dia do trabalho Palmeira tem uma voz e uma luz na escuridão"

por Edmilson Sá

No dia 17 de abril do corrente ano a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) divulgou a lista dos vencedores do 2º Edital do Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas. O primeiro nome a encabeçar a lista, aparecendo na categoria como diretor estreante é o PalmeirenseAilton da Costa Silva Júnior, tendo escrito um roteiro de curta-metragem de ficção intitulado “Sobre Relógios, Sonhos e Liberdade”. Em entrevista cedida a este Blog, Costa nos falou a respeito de seu curta-metragem e da paixão pelo cinema:
Blog: Palmeira dos Índios, terra de Graciliano Ramos e Jofre Soares é considerada hoje um berço de cultura meio esquecido pelo tempo, não temos mais nossos cinemas, nem tão pouco espetáculos que venham a resgatar os tempos áureos de nossa história, você acredita que esse prêmio pode funcionar como uma espécie de revitalização dessa cultura?
Costa: Sem dúvida que sim, nossa cidade foi maltratada pela política durante muito tempo, famílias que agiam como dinastias imperaram de forma agressiva, nossos cinemas deixaram de existir, nossas festas populares deram lugar a espetáculos banais em praça pública, esse prêmio serve como um grito de reconhecimento, talvez mais, talvez menos, eu não sei, mas essa cidade merece aparecer novamente sob os holofotes e Graciliano e Jofre ficariam felizes em presenciar isso.
Blog: Você se auto-avalia como sendo um cinéfilo de carteirinha, um apaixonado pelo cinema ao extremo, de onde vem essa paixão toda pela sétima arte?
Costa: Eu realmente não sei (risos), meu pai era um apaixonado pelo cinema, era fã de John Wayne, em alguns momentos ele dizia: “Você não pode falar que gosta de cinema se não conhece John Wayne e Leone”, eu via filmes de faroeste, western, toda tarde com ele, era uma fixação, eu acho que começou por aí o gosto por filmes. O interessante quando eu via certos filmes, e eu sei que toda criança faz isso, eu me colocava no lugar daquele personagem, eu imitava suas falas o tempo todo, eu decorava falas de filmes que eu via o tempo todo, eu cheguei a quebrar o vídeo cassete que meu pai havia me dado, de tanto assistir filme, era compulsivo (risos). O gosto pelo roteiro começou aos 12 anos e depois disso eu não parei mais.
Blog: “Sobre Relógios, Sonhos e Liberdade” é o seu primeiro curta-metragem, que será realizado de forma semi-profissional, com investimentos da Secult-AL, você podia nos falar um pouco sobre este curta-metragem?
Costa: Esta história foi escrita por mim originalmente em 2008, depois de ter sido demitido (risos), isso é sério, eu tinha sido demitido de um órgão bancário em Palmeira dos Índios, e tinha sido demitido sem justa causa, esse fato me fez pensar sobre a ideia de trabalho de forma mais profunda, eu vivia para aquele trabalho, eu olhava para o relógio o dia inteiro, eu tinha clientes nesse banco e fazia empréstimos, tinha que prestar contas ao banco todos os dias, era uma rotina escravista, eu me via cercado por pilhas de dossiês de clientes novos, a minha chefe nunca estava satisfeita. Quando eu fui demitido eu lembro de ter conversado com a R.H. do meu departamento e pego as coisas que ficavam em minha mesa, eu caminhei até a minha casa bem lentamente, coisa que antes eu não fazia, era um cara apressado, fazia tudo correndo, esse percurso até a minha casa me presenteou com essa história que seria “Sobre Relógios, Sonhos e Liberdade”, que é uma crítica ao sistema de trabalho, onde um cara que trabalha em uma repartição tem um sonho e esse sonho acaba mostrando a ele a porcaria de vida que ele leva.
Blog: Você é presidente de um Cineclube de Palmeira dos Índios, chamado “Cineclube Lampião Cultural”, como surgiu a ideia de criar um cineclube?
Costa: Essa história é bem bacana, o primeiro projeto que escrevi em 2009 se chamava “Um olhar cinematográfico”, a proposta era apresentar um filme e ao termino desse filme realizar um debate entre os convidados da noite e o público, as sessões eram realizadas na Casa Museu Graciliano Ramos, esse projeto depois viria a se transformar em “Cinema na Casa de Graça”, esse título foi dado pelos meus grandes amigos Luciano José e Edmilson Sá, que também fazem parte do Cineclube hoje, que batizamos de Lampião Cultural, esse nome foi dado também por um integrante, meu amigo e diretor de fotografia Mário Zeymison. Nossa equipe ainda conta com Victor Henrique que é o atual secretário,Alexandre SouzaIbernon Rodrigues Wolffgang Lemos. Os filmes exibidos por nós não são em sua totalidade comerciais, nossa temática é mais crítica, e o cinema arte é mais cotado. Ingmar Bergman, Sérgio Leone, Walter Salles, Glauber Rocha, Lars Von Trier, entre outros. Nosso cineclube também é produtora, o roteiro que eu criei foi inscrito no Edital do audiovisual pelo Cineclube como pessoa jurídica.
Blog: Quando o curta-metragem começa a ser rodado aqui em Palmeira dos Índios?
Costa: Bem, o prêmio foi de 20 mil reais, que vai ser destinado a compra de material destinado as filmagens, alguns equipamentos como Travilling, grua, steadycam, para algumas cenas. As locações são em Palmeira dos Índios, algumas cenas serão realizadas nas principais ruas do centr, só que de madrugada (risos) essas cenas dizem respeito ao plano onírico do filme, e devem ser rodadas sem que haja a presença de pessoas no ambiente, tem uma cena que será rodada no restaurante Pavana do nosso amigo Victor e a repartição escolhida para ser o local de trabalho do personagem central é o escritório de contabilidade Contempi. O elenco é pequeno, eu estarei no papel principal como “o escravo do trabalho” (risos) e mais alguns integrantes do nosso cineclube. O bom desse curta-metragem é que ele será exibido mais tarde em alguns canais como por exemplo a TV educativa de Alagoas (TVE) e também o canal Brasil, mediante acordos de publicação.

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